Criminalidade ganha eficiência

Criminalidade ganha eficiência

Pesquisa registra queda no número de golpes aplicados no e-commerce, mas indica aumento no valor médio envolvido em cada transação fraudulenta

 

Uma pesquisa da ClearSale, renomada empresa de soluções antifraude e compra inteligente, mostrou um número alarmante de tentativas de fraude no comércio eletrônico. Assim, a pesquisa demonstrou que a criminalidade está presente de forma maciça na Internet, universo em que são realizadas inúmeras transações financeiras. Sendo, portanto, um terreno fértil para a ação dos golpistas.

O levantamento da ClearSale mostrou que, só no primeiro semestre de 2023, o Brasil registrou 2 milhões de esforços para cometer golpes via e-commerces.

Além disso, a mesma pesquisa apontou que o valor dessas tentativas de fraude somadas é de cerca de R$ 2,5 bilhões, que compreendem esquemas aplicados em diversos segmentos.

Dessa forma, a conclusão é de que o total de golpes diminuiu 50,6% em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, o valor médio das operações financeiras nas quais se aplicaram as fraudes foi de R$ 1.273,00. O que representa, por sua vez, um aumento de 4,1% no comparativo com 2022.

O criminalista Sócrates Suares, sócio do escritório Campos & Antoniolli e especialista em segurança bancária, afirma que “a engenhosidade dos malfeitores ainda dificulta o combate efetivo a esses crimes”.

Segundo ele, é justamente por isso que o Brasil sofre com o aumento da criminalidade cibernética, mesmo com todos os esforços e investimentos tecnológicos expressivos das instituições financeiras.

Grande maioria dos brasileiros já foi vítima da criminalidade cibernética

Outra pesquisa, desta vez da NordVPN, um dos principais provedores de VPN do país, mostrou que 3 em cada 4 brasileiros já teve algum contato com os crimes virtuais.

Segundo esse estudo, só em 2022, 71% da população precisou lidar com algum tipo de abordagem criminosa envolvendo transações financeiras pela Internet. Aliás, 37% desse total foi vítima por mais de uma vez da tentativa de fraude.

Dessa forma, os casos mais citados pelos participantes da pesquisa foram aqueles envolvendo o PIX. Ainda de acordo com o levantamento, 75% dos entrevistados disseram considerar incidentes graves os golpes que tenham o PIX como alvo.

O criminalista Sócrates Suares concorda com essa classificação. Segundo ele, “A implementação do PIX, devido à sua natureza de transação instantânea, ao passo que facilitou a vida dos usuários, criou um ambiente propício para a aplicação de golpes. Uma vez realizada a transação de forma fraudulenta, dificilmente a recuperação do valor subtraído é efetiva”.

A pesquisa da NordVPN mostrou, ainda, que 15% dos brasileiros foi vítima concreta de algum tipo de golpe envolvendo o PIX. Além disso, a mesma quantidade de pessoas teve que enfrentar fraudes nas quais os malfeitores criaram lojas virtuais falsas para roubar dados bancários dos usuários.

A luta das empresas contra as fraudes cibernéticas

A imagem das empresas que vendem na Internet e das instituições financeiras que mediam essas transações pode ficar seriamente comprometida por conta da criminalidade cibernética.

Afinal, se as pessoas acreditarem que não estão seguras para realizar tais operações no universo digital, os negócios diminuem. E isso pode ser uma “pedra no sapato” do mercado.

É exatamente isso o que aponta uma pesquisa da Biocatch, empresa israelense de identidade digital, em parceria com a estadunidense Forrester, companhia especializada em pesquisas comparativas de produtos e serviços.

De acordo com o estudo, 78% das instituições financeiras globais admitem ainda não conseguir responder de forma eficaz às tentativas de fraudes. No entanto, 80% desse total disseram estar se empenhando em oferecer experiências digitais “seguras e sem atritos” para seus clientes.

Criminalidade na rede não se limita aos golpes financeiros

Se os números de tentativas de fraudes nos e-commerces já assustam, quando se expande a visão para todas as áreas da Internet que são alvos de golpistas, a situação é realmente temerária.

Segundo uma pesquisa do laboratório de inteligência e ameaças FortiGuard Labs, o Brasil sofreu nada menos do que 31,5 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos ao longo do ano de 2022 – número que representa um aumento de 94% em comparação ao ano de 2021.

Não são só as empresas que se preocupam com essa persistência por parte dos fraudadores virtuais, mas o poder público também. De acordo com o criminalista Sócrates Suares, o Banco Central está atento a isso. E recentemente anunciou medidas fundamentais, que entrarão em vigor a partir de 5 de novembro de 2023. Segundo o advogado, tão logo sejam implantadas, essas medidas possibilitarão maior acesso às informações de segurança. E, em conjunto com a observação por parte dos usuários dos procedimentos de segurança recomendados pelos bancos, auxiliarão no combate e prevenção às fraudes.

Com os esforços das empresas privadas, as ações dos órgãos governamentais e a conscientização do público sobre os perigos das fraudes na Internet, é possível que um dia a criminalidade cibernética tenha sua “engenhosidade” enfrentada com eficiência máxima, conforme registra o criminalista Sócrates. E o meio virtual passe a ser um lugar seguro para todos os usuários.

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