País é o segundo no ranking da América Latina em número de tentativas de ataques de hackers para o ano de 2022, segundo Polícia Civil de São Paulo
De acordo com dados recentes da Polícia Civil de São Paulo, o Brasil foi alvo de nada menos que 103 bilhões de tentativas de ataques de hackers apenas no ano de 2022. É um número alarmante que, aliado à nossa posição como o segundo país com maior incidência de ciberataques de golpistas, ficando atrás apenas do México, nos coloca diante de um desafio considerável.
Essa modalidade criminosa representa um obstáculo significativo para as autoridades, que se veem em constante corrida para acompanhar a evolução desses crimes tecnológicos. Conforme destacado pelo delegado da Divisão de Crimes Cibernéticos do DEIC (Departamento Estadual de Investigações Criminais)Carlos Afonso Gonçalves em uma entrevista ao Jovem Pan News, os criminosos têm plena consciência de que a Internet oferece uma gama de facilidades para a prática dos delitos.
O delegado ressalta que hoje é muito mais simples para um indivíduo mal-intencionado obter R$ 5 mil sentado em uma cafeteria, enviando cinco mil e-mails que podem ser adquiridos por apenas R$ 40, do que praticando outros tipos de ações criminosas “convencionais”. Como assaltos, invasões e roubos. Assim, o avanço tecnológico tem possibilitado que o criminoso tire proveito dessa facilidade com ganhos exponenciais.
Não obstante os esforços perpetrados pelos cibercriminosos através da web, são enfrentados outros tipos de golpes que agravam ainda mais o quadro de segurança nacional. Não raro, esses crimes são cometidos internamente. Ou seja, de dentro das empresas vítimas, o que torna a luta contra as fraudes ainda mais árdua.
Afinal, identificar e punir essas ações pode ser mais difícil quando elas são cometidas ou facilitadas por pessoas que conhecem o sistema e como cobrir os rastros.
Empresas são alvos de fraudes
O ambiente corporativo não chama a atenção só de criminosos de origem externa, que utilizam a Internet para roubar dados e realizar toda espécie de extorsão e apropriação indevida.
Isso porque muitas vezes as fraudes são cometidas ou facilitadas pelos próprios colaboradores. Segundo especialistas, como regra, os crimes são praticados por funcionários das corporações, ou terceiros envolvidos, consistindo, entre outros crimes, na prática de:
- Furtos;
- Apropriação indébita;
- Desvio financeiro;
- Desperdício voluntário;
- Corrupção;
- Fraudes em gastos pessoais;
- Falsificação ou extravio de recibos e comprovantes;
- Despesas não autorizadas;
- Despesas duplicadas.
Para combater esse tipo de fraude, segundo o advogado, é primordial a adoção de políticas internas claras, por parte das empresas, que envolvam a entrega de relatórios e prestação de contas. Isso dará mais transparências à conduta de cada funcionário e aos resultados que ele produz no conjunto do negócio.
Fraudes financeiras ainda lideram
Se por um lado as empresas se veem vulneráveis em sua estrutura interna à incidência de fraudes, os ataques externos também são um problema no Brasil. Além dos mais de 103 bilhões de esforços para cometer ataques cibernéticos registrados em 2022, os golpistas concentraram esses esforços em crimes financeiros dessa ordem.
Segundo um levantamento da empresa de segurança digital AB Safe, só nos primeiros 5 meses do ano passado, 3 milhões de golpes financeiros foram aplicados. Foram impressionantes 22.500 ataques diários, cerca de 930 por hora.
Se esse número já é alarmante, a proporção de aumento nas fraudes de um ano para o outro também impressiona. De acordo com uma pesquisa da Nice Actimize, (empresa especializada em combate aos crimes financeiros e atuante em mais de 30 países), de 2021 para 2022, a incidência de transações fraudulentas aumentou em 92%. Já as tentativas tiveram uma alta ainda mais expressiva nesse mesmo período: 146%.
Pesquisa mostra previsão de ação de golpistas para 2023
A provedora de pagamentos CyberSource estudou o comportamento dos criminosos que operam golpes financeiros na Internet no Brasil e, assim, elaborou um mapa com os principais tipos que vêm sendo aplicados em 2023.
De acordo com a pesquisa, essas são provavelmente as principais fraudes financeiras no mundo digital para as quais se deve estar atento no decorrer deste ano.
Operações fraudulentas usando cartões de crédito de influenciadores digitais
A saber, muitas dessas pessoas divulgam suas informações para que seus seguidores utilizem os cartões enquanto houver limite disponível. Isso é feito, segundo a operadora, para gerar tráfego para seus canais e plataformas.
Phishing é uma das armas dos golpistas
Quando o golpista usa iscas digitais por email para coletar dados bancários e pessoais dos usuários.
Sites de compras não confiáveis
Os golpistas criam sites falsos, com promessas de promoções e descontos imperdíveis apenas para colher as informações financeiras do usuário.
Agências de viagens
Golpistas se passam por empresas de viagem, cobram por passagens, hospedagem e tudo o que envolve uma compra dessas e depois somem com o dinheiro.
Golpes por meio da Inteligência Artificial
Essa ferramenta digital vem se tornando cada vez mais popular e é muito efetiva. Aliás, segundo a consultoria Frontier View, empresa de atuação global e especialista em inteligência de mercado, ela deve ajudar a elevar o PIB nacional em 4,2% até 2030. No entanto, os criminosos também estão aderindo a ela em diversas frentes para facilitar a aplicação de golpes, como geração de scripts críveis, coleta de dados na dark web, chat bots, para dar credibilidade a empresas falsas.
Por fim, a última tendência na aplicação de fraudes no Brasil também tem a ver com a IA. Porém, em um âmbito ainda mais avançado. Isso porque criminosos estão utilizando a realidade virtual para criar espaços e pessoas que passam uma incrível confiabilidade, aumentando as chances de que a vítima acredite na farsa e caia nos golpes.
Compras e vendas online de veículos também estão na mira dos golpistas
Outra grande fonte de fraudes e esforços de golpistas para cometer fraudes no Brasil são as vendas de veículos pela Internet.
Essa prática se tornou popular na época da pandemia e acabou permanecendo. Assim, golpistas se aproveitam do aumento da adesão a esse tipo de operação para roubar vítimas. Por exemplo, clonando anúncios de empresas sérias para passar mais credibilidade, pedido de sinal para pagamento, alegação de conseguir descontos direto da montadora, dentre outros expedientes fraudulentos.
Com todas essas vertentes de fraudes, pode-se afirmar que o Brasil é um verdadeiro paraíso para os criminosos. E cabe às autoridades encontrar meios para coibir com mais firmeza essas operações, além de conscientizar a população sobre os riscos.
Enquanto isso, as pessoas também devem se proteger. Desconfiando quando a oferta é boa demais e sempre prezando pela segurança antes de entregar qualquer dado pessoal na Internet. Afinal, os golpistas estão sempre evoluindo e acompanhando o crescimento tecnológico, e os cidadãos de bens precisam fazer o mesmo para se proteger.
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