Serviços Financeiros: alvo principal de golpistas

Serviços financeiros

Volume de transações online torna o segmento preferido pelos criminosos; PIX, que bateu recorde de 250 milhões de transações em 48 horas, é um dos serviços mais atacados

 

Um levantamento dos três primeiros meses do ano realizado pelo CAF, banco de investimentos formado por 20 países, principalmente da América Latina, mostra que o alvo principal de golpistas têm sido os serviços financeiros. Em especial as movimentações digitais, como PIX e outros tipos de transações online.

O Mapa da Identidade e da Fraude, como foi chamada a pesquisa, também revelou outros dados interessantes. Por exemplo: o público que tem mais tendência em cair em golpes é o masculino.

O criminalista Philip Antonioli, sócio fundador do escritório Campos & Antonioli, especializado em Direito Penal Econômico, afirma que, para chegar ao sistema financeiro, os golpistas acessam primeiramente empresas de cobrança, meios de pagamento e administração de imóveis, dentre outros segmentos. Assim, esses sistemas servem de trampolim para que os criminosos cheguem até a vítima e apliquem o golpe.

Serviços financeiros são o principal alvo

De acordo com o levantamento, entre 50% e 60% dos golpes se concentram nos serviços financeiros. Segundo o CAF, essa alta nos golpes se deve ao aumento significativo das movimentações digitais e do grande volume de dinheiro envolvido nessas transações.

Do total, 1,27% das fraudes são do setor imobiliário, o que representa um aumento de 0,24%. Por outro lado, as fraudes aplicadas no comércio eletrônico, e-commerce, tiveram baixa de 0,45% em relação ao relatório de 2022 da CAF.

Essa grande concentração de fraudes nos setores financeiro e a alta dos golpes no setor imobiliário, mostradas pelo levantamento, corroboram a afirmação de Antonioli: os golpistas se utilizam de meios de pagamento, principalmente boletos de cobrança de taxas da administração pública e de condomínio, por exemplo, para chegar até as vítimas.

O criminalista explica que, via de regra, os hackers estudam esses dados de cobrança com o intuito de descobrir suas fragilidades. Depois, ainda segundo Antonioli, “o fraudador acessa o banco de dados e entra em contato com o devedor, enviando-lhe, por exemplo, o falso boleto para pagamento do condomínio. Na verdade, trata-se de um documento com os dados originais adulterados, de tal sorte a reverter em seu benefício a cobrança que deveria ser creditada em favor de uma administradora de imóveis”.

Tipos de golpes aplicados

Os golpistas estão cada vez mais criativos em relação às abordagens usadas para ludibriar as vítimas. Conforme a pesquisa, os principais golpes aplicados pelos criminosos são:

  • Identidade visual: os golpistas tentam se passar por outra pessoa, mesmo mostrando seu próprio rosto;
  • Spoofing: quando o criminoso utiliza tecnologia de manipulação de imagens para tentar burlar o procedimento de reconhecimento facial e assumir a identidade de outra pessoa;
  • Documentos falsos: com sobreposição de fotos e outras técnicas de alteração de imagem, os golpistas criam documentos falsos.

Estados com a maior incidência de golpes

Dentre as cinco regiões do país, a sudeste é a mais visada pelos bandidos. Os estados que registraram maiores índices de fraudes foram: São Paulo (27%), Rio de Janeiro (15%) e Minas Gerais (8%). Na sequência vêm Pará (6%) e Bahia (5%), que completam o ranking dos estados mais atingidos.

Público masculino é o alvo principal dentre as vítimas

De acordo com o estudo, os homens são as principais vítimas dos golpes em serviços financeiros, compreendendo 61% do total. Apesar de alto, esse valor representa uma queda de 4% em relação ao levantamento anterior, de 2022.

Das fraudes do comércio eletrônico e de mobilidade, o público masculino representa 67% e 72%, respectivamente.

Quanto à faixa etária, no setor financeiro, a idade média das vítimas mais visadas (13%) é de 24 a 39 anos. Já nas fraudes aplicadas no setor de mobilidade, essa média é diferente, atinge uma faixa etária superior: entre 44 e 49 anos (20%). Enquanto no comércio eletrônico, a idade do maior número de vítimas (25%) varia entre 34 e 39 anos.

Também como referência da pesquisa realizada, o número de fraudes aplicadas em pessoas com mais de 60 anos teve alta de 3,08% no comparativo com o relatório da CAF do ano passado. Isso só demonstra que os fraudadores estão bem-informados sobre o público em que há maior chance de sucesso na aplicação de golpes. Ou seja, conseguem perceber as fragilidades dos sistemas para cada faixa etária.

Em análise dos casos, Philip Antonioli diz que a vulnerabilidade dessas empresas intermediárias é fundamental para os criminosos terem sucesso em suas práticas. O criminalista explica que, “dificilmente, há casos em que o sistema financeiro é acessado de forma direta, pois é o segmento que mais investe em inovação tecnológica a fim de se proteger de forma cada vez mais eficaz”.

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