Compliance global custa US$ 206 bi

Compliance

Estudo da Forrester Consulting revela que investimento supera 12% do valor destinado pelos bancos a pesquisa e desenvolvimento

Uma pesquisa recentemente conduzida pela empresa de consultoria Forrester Consulting, a pedido da LexisNexis Risk Solutions, trouxe à tona um cenário alarmante no mundo das instituições financeiras. O relatório, intitulado “O Real Custo do Compliance contra crimes Financeiros 2023”, revelou que as pressões do cumprimento de regulamentos contra atividades financeiras ilícitas estão aumentando de maneira exponencial em âmbito global.

Os dados são incontestáveis: as instituições financeiras estão atualmente encarando despesas globais que superam a impressionante marca de US$ 206 bilhões.

Compliance: aumento impacta

Nos últimos 12 meses, quase a totalidade das instituições financeiras registrou um notável acréscimo nas despesas vinculadas ao cumprimento regulatório. Essa considerável escalada nos custos coloca diante do setor um desafio de proporções significativas. Isso porque tais encargos totais equivalem a uma parcela expressiva, ultrapassando a marca de 12%, das despesas globais destinadas à pesquisa e desenvolvimento (P&D).

Adicionalmente, esse impacto financeiro colossal repercute em cada ser humano do planeta, resultando em cerca de 3,33 dólares mensais por habitante.

Dados da pesquisa

As descobertas do relatório refletem as perspectivas de 1.181 profissionais encarregados do cumprimento de regulamentos contra crimes financeiros.

Esses profissionais trabalham em empresas de pequeno, médio e grande porte em diversas regiões do mundo, a exemplo de EUA/Canadá, Ásia-Pacífico (APAC), Europa, Oriente Médio e África (EMEA), além de América Latina.

Principais pontos revelados pelo estudo

As principais conclusões da pesquisa destacam que a inteligência artificial (IA) está desempenhando um papel significativo no cenário atual. Isso porque 71% dos profissionais de compliance relataram que suas organizações já estão otimizando o uso de dados por meio de análises avançadas.

Além do mais, 72% dos entrevistados confirmam a implementação de análises e IA para aprimorar seus procedimentos de compliance. No entanto, desafios persistentes relacionados à qualidade dos dados, sistemas legados sem atualização e a falta de cooperação interna ainda persistem.

Locais onde o compliance é ainda mais dispendioso

Um ponto notável merece destaque: a região que compreende Europa, Oriente Médio e África (EMEA) mantém sua posição como um epicentro de despesas elevadas no que diz respeito ao cumprimento de regulamentações. Os custos globais superam em impressionantes 39,8% os registrados nos Estados Unidos e no Canadá. Isso não apenas demonstra a crescente complexidade envolvida na conformidade regulatória, mas também coloca em evidência o desafio financeiro que enfrentam as empresas instaladas nessa região.

Em escala global, 78% das organizações, especialmente 80% na EMEA, enfrentam desafios relacionados à complexidade dos regulamentos e sanções, o que afeta suas operações comerciais. Em contrapartida, as regiões da Ásia-Pacífico (APAC) e América Latina demonstram ser mais rentáveis, não obstante os custos de compliance.

Desse modo, os gastos de compliance financeiro na APAC correspondem a 74,5% das observadas nos EUA/Canadá. Já os gastos na América do Sul representam 24,7% em relação ao mesmo parâmetro.

Como mudar esse cenário

Diante desses desafios, CEOs, vice-presidentes e diretores de instituições financeiras em todo o planeta estão adotando novas iniciativas para enfrentar a crescente dificuldade relacionada às medidas voltadas para a conformidade.

Entretanto, 85% dessas instituições colocam o aprimoramento da experiência do usuário como sua prioridade. Assim, reafirmam seu intuito de promover a confiança e a satisfação, mesmo em meio à crescente ameaça de atividades financeiras ilícitas.

Uma parcela expressiva desse empenho tem como foco a maximização da eficiência do compliance contra crimes financeiros com relação a pagamentos. Afinal de contas, 74% das instituições destacam esse aspecto como sendo um dos pontos mais importantes.

Crimes financeiros não são recentes

Embora estejamos discutindo uma pesquisa recente que leva em consideração a ampla digitalização das operações financeiras, os crimes financeiros não são uma novidade.

Em 2005, ocorreu o maior roubo a bancos da história do Brasil e uma das maiores do mundo, o assalto ao Banco Central. Na ocasião, um grupo de ladrões cavou um túnel e conseguiu subtrair R$ 164,7 milhões em notas de R$ 50.

Quase duas décadas após o incidente, alguns dos responsáveis pelo assalto ainda permanecem foragidos.

Roubos de tal magnitude não são exclusividade do Brasil. De fato, muito antes do incidente mencionado, em 2003, um dos filhos de Saddam Hussein realizou um feito notoriamente audacioso. Com apenas uma carta assinada por seu pai, ele conseguiu solicitar e retirar a impressionante quantia de US$ 1 bilhão do Banco Central do Iraque.

Isso ilustra a razão pela qual foram implementadas diversas medidas ao longo dos anos para combater esses crimes, levando as instituições a gastar consideráveis recursos em conformidade regulatória, a fim de garantir sua eficácia.

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