Jade Picon pode ser punida por acusação de gaslighting?
Acompanhe o que diz Carolina Coelho Carvalho de Oliveira, do escritório Campos e Antonioli Advogados Associados.
Equipe da influenciadora acusou o ator Arthur Aguiar de praticar a violência psicológica contra a sister.
Você já ouviu falar em gaslighting? O termo em inglês ganhou destaque nas redes sociais nesta quarta-feira, 9, após a equipe de Jade Picon acusar Arthur Aguiar de praticar a violência psicológica contra a sister dentro do ‘BBB22’. Sem mencionar explicitamente as situações, os administradores do perfil de Jade no Instagram compartilharam uma publicação sugerindo que a influencer sofreu gaslighting de Arthur Aguiar. O conteúdo diz até que isso se concretizaria quando Jade descobrisse o resultado do paredão.
O posicionamento repercutiu, já que a prática é uma forma de abuso psicológico capaz de desencadear quadros de depressão, ansiedade e instabilidade emocional, entre outros, na vítima. A esposa do ator, Maíra Cardi, chegou a falar em acionar a Justiça contra a participante.
Em conversa com o Terra, Carolina Carvalho de Oliveira, advogada criminalista da Campos & Antonioli Associados, confirma que acusar alguém de gaslighting sem ter comprovação ou sem a pessoa realmente ter praticado o delito, incorre em crime de calúnia. A penalidade para o caso pode variar de 3 meses a 3 anos de reclusão.
“O que diferencia os dois é que a calúnia é considerado um crime brando que precisa da queixa da vítima para ser investigada; já o gaslighting, não. Independentemente de ocorrência, o Estado tem o dever de intervir”, analisa a especialista.
O que caracteriza gaslighting?
O termo “gaslighting” vem do inglês e significa algo como “deixar tudo numa certa penumbra”, de acordo com a psiquiatra Analice Gigliotti. Mais comum em relacionamentos afetivos, é caracterizado pela tentativa constante de distorção da percepção do outro sobre os fatos.
São comuns frases como “você está louca” ou “você está distorcendo absolutamente tudo”. Por outro lado, o gaslighting pode ser mais sutil, como em casos em que o perpetrador passa a desacreditar a pessoa, critica tudo o que ela faz ou apenas diz “não é exatamente isso que você está vendo”.
“A estrutura egoica vai diminuindo, ficando mais achatada, porque a pessoa começa a desacreditar de si mesma, acha que ela é culpada de tudo o que está acontecendo. A distorcção faz com que a pessoa se sinta mais insegura. É uma espécie de abuso”, acrescenta.
Como reagir ao gaslighting
Não dá para determinar que Jade Picon sofreu gaslighting de Arthur Aguiar, no entanto, a discussão sobre o termo pode servir de alerta para que as mulheres – alvos mais comuns desse abuso – aprendam a identificar quando estiverem nesse tipo de situação. E, tão importante quanto, que saibam como sair dessa realidade.
De acordo com a psiquiatra Analice Gigliotti, normalmente as mulheres procuram ajuda psiquiátrica ou psicológica para tratar depressão e ansiedade, e é a partir disse que percebem pelo que estão passando.
“Psicoterapia é fundamental, porque, o que acontece, distorce a tal ponto que a pessoa se sente culpada pelo comportamento do outro. Eventualmente pode ser necessário antidepressivos, porque o estresse constante começa a desencadear esses transtornos”, explica.
A advogada Carolina Oliveira, orienta que as vítimas de gaslighting se dirijam à Delegacia da Mulher para registrar ocorrência, relatar os fatos e colaborar com as investigações – com a coleta de provas, por exemplo.
“Como a mulher hoje está aparada pela Lei Maria da Penha, geralmente ela tem diversos profissionais que ajudarão no processo para comprovar os danos causados a ela. Além disso, hoje a polícia tem acreditado mais na palavra feminina”, acrescenta
A pena mínima para quem pratica gaslighting é de 2 anos, mas pode variar de acordo com cada caso.
Matéria feita pelo Terra.
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