Encomendada pela TecBan, pesquisa revela que maior conhecimento da LGPD atenua preocupação com segurança de dados financeiros
Uma pesquisa encomendada pela Tecban (empresa especializada em gestão de redes de autoatendimento bancário) e conduzida pela Open Finance Brasil revelou que os brasileiros estão menos preocupados com seus dados financeiros. Dessa forma, o levantamento demonstrou uma redução significativa da porcentagem de cidadãos com medo de ter suas informações bancárias vazadas.
De acordo com o estudo, grande parte desse relaxamento se deve à implantação da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais). A criminalista Cida Silva, especialista em segurança bancária e sócia no escritório Campos & Antonioli, diz que, após a vigência dessa lei, “os cidadãos passaram a ter maior compreensão sobre seus direitos no que diz respeito ao compartilhamento indevido dos seus dados sem a devida autorização, principalmente quando relacionados a Instituições financeiras em que são correntistas”.
LGPD deixou brasileiros menos preocupados com vazamento de dados, revela estudo
A LGPD, Lei 13.709/2018, estabeleceu diretrizes não só para as instituições financeiras, mas qualquer empresa que opere coletando dados na Internet. Assim, a legislação dispõe sobre a preservação das informações sensíveis dos usuários.
Além disso, a lei também estipula punições para quem descumprir. A criminalista Cida Silva explica:
“Devido a esse respaldo jurídico instituído por lei, com possibilidade de haver até sanções penais pelo acesso indevido de informações, os correntistas passaram a confiar mais nos bancos. A confiança é maior entre bancos tradicionais, notando-se ainda alguma resistência da população em relação aos bancos novos e digitais.”
Assim sendo, os números mostrados na pesquisa da Tecban refletem essa maior confiança da população.
Comparativo entre as pesquisas de 2021 e 2023
No estudo que a Tecban encomendou à Open Finance Brasil, viu-se uma redução expressiva no número de pessoas preocupadas com seus dados bancários expostos no universo digital.
Isso porque, em 2021, 45,8% dos entrevistados disseram se preocupar que suas informações fossem usadas de forma indevida. Já neste ano, essa porcentagem caiu para 34% dos usuários alcançados pela pesquisa.
Enquanto isso, a parcela de participantes que disse estar apreensiva com os crimes financeiros era de 48%, em 2021, e caiu para 36%, em 2023.
A quebra de anonimato, que era um medo para 43% dos entrevistados em 2021, passou a preocupar apenas 29% este ano. E a insegurança com a capacidade de proteger suas informações, que deixava 41% dos participantes do estudo nervosos, teve redução para 28%.
Brasileiros menos preocupados aumenta a adesão ao Open Finance
A diminuição da preocupação dos brasileiros com a proteção dos dados é inversamente proporcional ao aumento da sua confiança na modalidade Open Finance.
A saber, essa modalidade tem como objetivo o compartilhamento das informações dos correntistas entre as instituições financeiras. Dessa forma, os bancos podem avaliar o melhor tipo de serviço a oferecer para o cliente com base em seu histórico de consumo de crédito em outras instituições.
A criminalista Cida Silva aponta que, depois da criação do Open Finance, houve um crescimento de 70% da categoria somente em tempos recentes. Ela ainda explica muito bem como funciona essa prática:
“Essa modalidade, com a autorização do cliente, permite que o banco em que o cliente é correntista compartilhe suas informações com outras instituições financeiras, tais como produtos e serviços, movimentações financeiras etc. Assim, os bancos conseguem ter acesso às informações de forma segura; e o correntista pode, a partir do compartilhamento dessas informações, negociar valores de taxas e serviços com outras instituições financeiras. Quando não quiser mais compartilhar suas informações, o correntista pode cancelar o acesso a qualquer momento.”
Ainda é preciso tomar cuidado
Apesar do aumento da confiança da população com a proteção de seus dados financeiros, ainda é necessário ter cuidado. Afinal, não são raros ataques cibernéticos com o intuito de roubar informações e cometer crimes financeiros.
A própria Open Finance recomenda cautela. A criminalista Cida Silva concorda e diz que é preciso manter a “uma conduta de cautela” em todas as transações, principalmente no caso de links que pedem acesso às informações do correntista. “O cidadão, agindo de boa-fé, pode ser induzido a erro e fornecer dados a golpistas que atuam como organizações criminosas digitais com o fim exclusivo de usar dados acessados indevidamente para cometer crimes”, conclui Cida Silva.
De todo modo, para o bem e para o mal, o cenário atual é de brasileiros menos preocupados com suas informações bancárias no digital.
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