O golpe da pirâmide financeira existe há mais de um século, tendo feito milhões de vítimas em todo o mundo. Nos últimos anos, porém, com a ampliação do acesso à internet e a difusão das tecnologias para a conexão remota, cada vez mais pessoas são enganadas, sofrendo incalculáveis prejuízos.O tema voltou a chamar atenção porque, na semana passada, a Polícia Federal deflagrou a operação “La Casa de Papel” para desarticular organização criminosa que teria operado pirâmides financeiras em mais de 80 países. O prejuízo é calculado em R$ 4,1 bilhões, com mais de 1,3 milhão de vítimas.Uma das pessoas presas pela operação é Patrick Abrahão, marido da cantora Perlla. A PF investiga crimes contra o sistema financeiro nacional, evasão de divisas, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, usurpação de bens públicos, crime ambiental e estelionato.Cerca de 11% dos brasileiros já perderam dinheiro em investimentos fraudulentos, aponta levantamento de dezembro de 2019 da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). As perdas não foram recuperadas por mais da metade das vítimas. Nesse contexto, o golpe da pirâmide financeira desponta como o esquema mais comum: 55% dos casos.
“Quem cair no golpe da pirâmide financeira deve imediatamente comunicar às autoridades policiais e a instituição financeira na tentativa de diminuir o prejuízo sofrido”, declarou Carolina Carvalho de Oliveira, sócia do Campos & Antonioli Advogados Associados, escritório especializado em Direito Penal Econômico.
Na avaliação dela, o “ardil” dos fraudadores para convencer as vítimas de que o investimento é seguro vem se aprimorando. Inclusive, em alguns casos, eles permitem às vítimas receber parte do retorno dos investimentos para obter confiança.
“Então, o ideal é sempre se certificar antes de fazer qualquer investimento que fuja à rotina do empresário e do cidadão – especialmente nos casos envolvendo criptomoedas, tendo em vista a impossibilidade de rastreio da origem e destino”, complementou a advogada.
Como identificar o golpe da pirâmide financeira
O golpe da pirâmide financeira costuma ter algumas características comuns, independentemente do local em que ocorrem e do formato do crime. O primeiro sinal de que algo não está certo surge quando o negócio tem como objetivo principal recrutar pessoas.A ausência de informações sobre os produtos ou serviços adquiridos, bem como a falta de clareza sobre prazos de entrega – ou a respeito do retorno dos investimentos –, deve acender o sinal de alerta dos interessados.Outro fator indicativo das pirâmides financeiras diz respeito à promessa de ganhos excepcionais, com margens de lucro ou benefício muito acima do que normalmente se pratica no mercado.
Histórico
O golpe da pirâmide surgiu há mais de 100 anos, tendo sido criado nos Estados Unidos por um imigrante italiano chamado Charles Ponzi, que inventou o mecanismo baseando-se em fórmulas matemáticas.
Um dos episódios emblemáticos, no Brasil, foi a pirâmide financeira das “Fazendas Reunidas Boi Gordo”, que prometia lucro mínimo de 42% no prazo de um ano e meio. Cerca de 30 mil vítimas perderam R$ 3,9 bilhões
Outro caso famoso foi o da “Avestruz Master”, que oferecia ganhos exorbitantes por meio de contratos de compra e venda da ave, cuja carne seria exportada, garantindo a manutenção dos rendimentos.
Também chamou a atenção, recentemente, o escândalo da “TelexFree”, que oferecia serviços de ligação telefônica pela internet. No Brasil, o total de pessoas enganadas ultrapassou 2 milhões.
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